A presença do Chamamé em Mato Grosso do Sul vem de longo tempo e pede para ser registrada em seus preciosos detalhes. Enquanto aguardamos as pesquisas que vêm sendo feitas, faço um relato, fruto de conversas com pessoas que amam, cultivam e divulgam essa grande arte musical: Orlando Rodrigues, fundador do Centro Cultural do Chamamé de Campo Grande e Jânio Fagundes, seu atual presidente.
O Chamamé chegou ao Mato Grosso, bem antes de sua divisão em duas províncias. A parte Sul faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai e, desse país herdamos boa parte de sua cultura musical e gastronômica. Essa mescla começou dolorosa, com a Guerra da Tríplice Aliança entre Brasil, Paraguai e Argentina e se ampliou nas primeiras décadas do século XX com a exploração da erva mate. Junto com a polca e a guarânia, os paraguaios também trouxeram com eles um estilo musical que conheceram na fronteira correntina, onde muitos procuraram refúgio como perseguidos políticos: o chamamé.
A partir da década de 1950 o rádio passou a ser importante veículo de disseminação, promovendo a capilaridade desse estilo musical em todos os cantos que suas ondas podiam alcançar. Era comum as famílias acessarem rádios de Corrientes e Posadas, até que as emissoras locais também passaram a tocar os compositores das províncias de Corrientes, Missiones, Chaco e Santa Fé. Um programa de fundamental repercussão nessa época foi “A Hora do Fazendeiro”, do radialista Juca Ganso que por três décadas alcançou as propriedades rurais de todo o Sul de Mato Grosso até vê-lo transformar-se no Estado de Mato Grosso do Sul.
O rádio também trouxe para o público os primeiros intérpretes e compositores que se dedicaram ao chamamé. Desses podemos destacar o jovem acordeonista Zé Corrêa, que se apresentava ao vivo na Rádio Educação Rural e o lendário casal Jandira e Benitez. Juntos esse trio gravou versões originais, a exemplo de Mi Ranchito de Heráclito Perez, El Yacaré de Ernesto Montiel e A Bella Vista, de Pedro Mendoza. A brasileira Jandira e o paraguaio Benitez primavam pelo respeito à pureza do idioma. É dela e de Aldo Ayala a música Mi Flor Corrientes, também gravada anos depois por Maurício Brito, acompanhado por músicos correntinos.
A popularização desse estilo musical transformou-se em caminho para a vinda de músicos para tocar em Mato Grosso do Sul, sendo as fazendas os principais cenários para essas apresentações, fortalecendo as raízes rurais da população local e da cultura chamamezeira. Era um sinal de status a propriedade que realizava suas principais comemorações com a presença de um conjunto de chamamé. Assim, para cá vieram Cocomarola, Salvador Miqueri, Isaco Abitbol, Roberto Galarza, Avelino Flores, Rozendo y Ofelia e o glosador Juan Carlos Herrera, entre outros.
Mesmo que o gosto da população caminhasse entre as influências paraguaias e argentinas, um seleto grupo de músicos locais optou por seguir a tradição chamamezeira, sendo que um deles transformou-se num dos ícones dessa cultura, hoje conhecido como Elinho do Bandoneon. Esse acordeonista de origem, tanto se encantou pelo bandoneon que, em 1980 foi para Corrientes aprender as artes desse instrumento com Paquito Aranda. Lá viveu por seis anos, envolveu-se com a vida correntina e, além de grandes amigos, transformou Coquimarola em padrinho de seu filho mais novo. Retornando a Campo Grande, Helinho tornou-se embaixador da música correntina, divulgando clássicos e tornando mais próximo e conhecido o bandeneon em Mato Grosso do Sul.
A cidade de Campo Grande, capital do Estado, é um caminho natural para que as fronteiras latinas alcancem os grandes centros brasileiros. Assim, outros grandes músicos argentinos passaram por aqui a caminho de São Paulo e deixaram a marca positiva de suas presenças. Outros embaixadores da música correntina nessa região foram os já citados Jandira e Benitez que, após a morte precoce de Zé Corrêa, trouxeram outros instrumentistas para acompanha-los, alguns dos quais aqui se radicaram.
Desses, podemos citar: Silverio Villanueva e Margarita Belén, do Chaco, Aldo Ayala, de Empedrado, Corrientes, que aqui se casou, Dino Fernandez veio de Formosa para tocar com a dupla Amambay e Amambaí. O atual presidente do Centro Cultural do Chamamé de Campo Grande, Jânio Fagundes, guarda com carinho a lembrança de uma grande festa em sua terra natal, Rio Brilhante, onde ele teve oportunidade de presenciar uma lendária apresentação de Coquimarola e seu conjunto, em comemoração à vitória do governador Wilson Barbosa Martins. Rio Brilhante hoje trabalha para manter o vínculo com o chamamé, por meio de seu próprio Centro Cultural que promove, desde 2011, um Festival que reúne músicos locais e ilustres convidados argentinos.
Mesmo distante da fronteira latina, a cidade de Três Lagoas, na divisa com São Paulo, produziu um grande bandoneonista chamado Brancão, autor de composições fiéis à tradição chamamezeira, que até hoje, se mantém viva nessa cidade de vocação industrial. Em Campo Grande, Elinho do Bandoneon começou a dar aulas e formou novos instrumentistas, entre os quais se destacam Humberto Yule e David Júnior. Yule formou dupla com Maurício Brito e os dois mergulharam na fonte.
A exemplo de Helinho, Maurício Brito também construiu um caminho em direção a Corrientes, onde a seriedade de seu trabalho ganhou respeito e credibilidade. Juntos, Brito e Youle já se apresentaram como convidados em 14 edições do Festa Nacional do Chamamé. David Júnior é um jovem engenheiro agrônomo, de origem indígena que aprendeu a arte do bandoneon com Helinho, destacou-se pelo virtuosismo e também já se apresentou nos festivais de Rio Brilhante e de Corrientes.
As rádios prosseguiram com o importante papel de divulgação em todo o Estado e um dos programas mais tradicionais que se destaca nesse cenário midiático chama-se “A Hora do Chamamé”, dirigido por Orivaldo Mengual, também produtor de festas e eventos. No ano de 2006, a pedido desse radialista, Elinho do Bandoneon e o engenheiro Orlando Rodrigues foram a Corrientes com um convite para Coquimarola se apresentar em Campo Grande. Nessa ocasião, Coquimarola fez um desafio a Orlando dizendo que, se ele construísse um Centro Cultural dedicado ao chamamé, ele seria o padrinho desse projeto.
Assim nasceu, em 2008 o Centro Cultural do Chamamé de Campo Grande, fundado por Orlando Rodrigues, Elinho do Bandoneon e Orivaldo Mengual. Em sua inauguração, o Centro contou com a presença de Coquimarola e seus músicos. Oficialmente o CCC abriu caminho para a manutenção do intercâmbio e do fortalecimento das tradições chamamezeiras, não apenas na Capital, como também em todo o Estado de Mato Grosso do Sul, por meio dos laços que vem sendo construídos com outros municípios. O Centro Cultural do Chamamé de Campo Grande também recebeu do Instituto de Cultura de Corrientes o título de subsede da Festa Nacional do Chamamé. Logo após a criação do CCC, o radialista Orivaldo Mengual fundou seu próprio Instituto, que é dedicado ao chamamé, à guarânia e à polca paraguaia.
O Centro Cultural do Chamamé de Campo Grande investiu na construção de sua sede própria e suscitou a realização do I Festival de Chamamé de Rio Brilhante, além de promover a apresentação de instrumentistas de Mato Grosso do Sul na Festa Nacional do Chamamé. Também mantém intercâmbio cultural com as cidades de Corrientes e Puerto Tirol e intermedia o intercâmbio de Três Lagoas com a municipalidade de Caá Cati.
Da mesma forma, amadurece o contato com as instituições culturais da Prefeitura de Campo Grande e do Governo de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de consolidar os núcleos chamamezeiros do Estado como polos de eventos culturais e turísticos, para que preservem e divulguem bilateralmente a história, usos e costumes, compositores e instrumentistas e, para que caminhem de maneira unificada, em consonância com o Instituto de Cultura da Província de Corrientes e com a direção da Festa Nacional do Chamamé.
O Mato Grosso do Sul destaca-se em todo o Brasil, como o Estado em que o chamamé faz parte de sua identidade cultural, pelo fato da população ter adotado essa modalidade musical como sua e por manter com ela uma convivência contínua e natural. Esse reconhecimento faz com que seja ansiosamente desejado e aguardado por todos daqui, tanto quanto na Argentina, o reconhecimento mundial dessa cultura como Patrimônio Imaterial pela UNESCO.
Lenilde Ramos
Deretora de Patrimônio Cultural da
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo
de Campo Grande – Mato Grosso do Sul
La presencia Del Chamamé en Mato Grosso do Sul no es reciente y pide ser registrada en sus preciosos detalles. Mientras esperamos las investigaciones que se vienen realizando, hago un relato, fruto de conversaciones con personas que aman, cultivan y divulgan ese gran arte musical: Orlando Rodrigues, fundador del Centro Cultural Del Chamamé de Campo Grande e Jânio Fagundes, su actual presidente.
El Chamamé llegó a Mato Grosso do Sul, mucho antes de su división en dos provincias. La parte sur tiene frontera con Bolivia y Paraguay y, de esos países heredamos buena parte de su cultura musical e gastronómica. Esa mixtura comenzó de manera dolorosa, con la Guerra de la Triple Alianza entre Brasil Argentina y Paraguay y se amplió en las primeras décadas del siglo XX con la explotación de la yerba mate. Junto a la polca y la guarania, los paraguayos también trajeron un estilo musical que conocieron en la frontera correntina, donde muchos buscaron amparo como perseguidos políticos: el chamamé
A partir de la década de 1950 la radio pasó a ser un importante vehículo de difusión, promoviendo la capilaridad de ese estilo musical en todos los rincones que sus ondas podían alcanzar. Era común que las familias tuvieran acceso a las radios de Corrientes y Posadas, hasta que las emisoras locales también dieron espacio a los compositores de las provincias de Corrientes, Misiones, Chaco y Santa Fé. Un programa de fundamental repercusión de esa época fue “La hora del hacendado”, del profesional de la radio Juca Ganso quien por tres décadas alcanzó las zonas rurales de todo Mato Grosso hasta verlo transformarse en el Estado Mato Grosso do Sul.
La radio también aportó para el público los primeros intérpretes y compositores que se dedicaron al Chamamé. De ellos podemos destacar al joven acordeonista Zé Corrêa, quien se presentaba en vivo en la Radio Educación Rural y el legendario matrimonio Jandira y Benitez. Juntos ese trío grabó versiones originales, como ejemplo Mi Ranchito de Heráclito Pérez, El yacaré de Ernesto Montiel y A Bella Vista, de Pedro Mendoza. La brasilera Jandira y el paraguayo Benítez primaban por su respeto a la pureza del idioma. Jandira y Aldo Ayala escribieron la canción Mi Flor Corrientes, también grabada años posteriores por Mauricio Brito, acompañado por músicos correntinos.
La popularidad de este estilo musical se transformó en el camino para la venida de varios músicos para presentarse en Mato Grosso do Sul, siendo las haciendas los principales escenarios para esas actuaciones, fortaleciendo las raíces rurales de la población local y de la cultura chamamecera. Era una señal de estatus que una propiedad realizara sus principales conmemoraciones con la presencia de un conjunto de chamamé. Así, vinieron Cocomarola, Salvador Miqueri, Isaco Abitbol, Roberto Galarza, Avelino Flores, Rosendo y Ofelia y el comentarista Juan Carlos Herrera, entre otros.
Aunque la preferencia de la población caminara entre las influencias paraguayas y argentinas, un selecto grupo de músicos locales optó por seguir la tradición chamamecera, siendo que uno de ellos se transformó en uno de los íconos de esa cultura, hoy conocido como Elinho do Bandoneon quien, en 1980 fue a Corrientes a aprender las artes de ese instrumento con Paquito Aranda. Allá vivió seis años, se envolvió con la vida correntina y, más allá de grandes amigos, convirtió a Cocomarola en padrino de su hijo menor. Volviendo a Campo Grande, Helinho se tornó embajador de la música correntina, popularizando clásicos y tornando más cercano y conocido al bandoneón en Mato Grosso do Sul.
La ciudad de Campo Grande, capital del Estado, es un camino natural para que las fronteras latinas alcancen los grandes centros brasileros. De este modo, otros grandes músicos argentinos pasaron por aquí camino a San Pablo y dejaron una marca positiva con su presencia. Otros embajadores de la música correntina en esa región fueron los ya citados, Jandira y Benitez que, luego de la muerte precoz de Zé Corrêa, trajeron otros instrumentistas para acompañarlos, algunos de los cuales se radicaron aquí.
Podemos citar a: Silverio Villanueva e Margarita Belén, del Chaco,Aldo Ayala, de Empedrado, Corrientes, que se casó aqui, Dino Fernandez vino de Formosa para tocar com La dupla Amambay y Amambaí. El actual presidente del Centro Cultural del Chamamé de Campo Grande, Jânio Fagundes, guarda con cariño y buenos recuerdos una gran fiesta en su tierra natal, Río Brillante, donde tuvo la oportunidad de presenciar una legendaria presentación de Cocomarola y su conjunto en conmemoración por la victoria del gobernador Wilson Barbosa Martins. Rio Brillante hoy trabaja para mantener el vínculo con el chamamé, por medio de su propio Centro Cultural, que promueve desde 2011, un Festival que reúne músicos locales e ilustres invitados argentinos.
A pesar de la distancia con la frontera latina, la ciudad de Tres Lagunas, en el límite con San Pablo, dio origen a un gran bandoneonista llamado Brancão, autor de composiciones fieles a la tradición chamamecera, que hasta hoy, se mantiene viva en esa ciudad de inclinación industrial. En Campo Grande, Elinho del Bandoneon comenzó a dar clases y formó a nuevos instrumentistas, entre los que se destacan Humberto Yule e David Júnior. Yule formó la dupla con Mauricio Brito y los dos profundizaron en este rubro.
Así como Helinho, Maurício Brito también construyó un camino en dirección a Corrientes, donde la seriedad de su trabajo ganó respeto y credibilidad. Juntos, Brito y Yulé ya se habían presentado como invitados en 14 ediciones de la Fiesta Nacional del Chamamé. David Junior es un joven ingeniero agrónomo, de origen indígena que aprendió el arte del bandoneón con Helinho, se destacó por el virtuosismo y también ya se presentó en los festivales de Rio Brillante y de Corrientes.
Las emisoras continuaron con el importante papel de promoción en todo el Estado y uno de los programas más tradicionales que se destaca en ese escenario mediático se llama “La hora del Chamamé”, dirigido por Orisvaldo Mengual, también productor de fiestas y eventos. En el 2006, a pedido de ese profesional de la radio, Elinho del Bandoneon y el ingeniero Orlando Rodrígues fueron a Corrientes con una invitación para que Cocomarola se presentara en Campo Grande. En esa ocasión, Cocomarola desafió a Orlando, diciendo que, si el construía un Centro Cultural dedicado al Chamamé, el sería el padrino de ese proyecto.
Así en 2008, nació el Centro Cultural del Chamamé de Campo Grande, fundado por Orlando Rodrigues, Elinho del Bandoneon y Orivaldo Mengual. En la inauguración, el centro contó con la presencia de Cocomarola y sus músicos. Oficialmente el CCC (Centro Cultural Chamamecero) abrió el camino para el mantenimiento del intercambio y del fortalecimiento de las tradiciones chamameceras y no apenas en la Capital, como también en todo el Estado de Mato Grosso do Sul, por medio de los lazos que vienen siendo construidos con otros municipios. El Centro Cultural del Chamamé de Campo Grande también recibió del Instituto de Cultura de Corrientes el título de subsede de la Fiesta Nacional del Chamamé. Justo después de la creación del CCC, el locutor Orivaldo Mengual fundó su propio Instituto, que se dedica al Chamamé, a la guarania y a la polca paraguaya.
El Centro Cultural del Chamamé de Campo Grande invirtió en la construcción de su sede propia e provocó la realización del Primer Festival del Chamamé de Rio Brillante, además de promover la presentación de instrumentistas de Mato Grosso do Sul en la Fiesta Nacional del Chamamé. También mantiene intercambio cultural con las ciudades de Corrientes y Puerto Tirol y media en el intercambio de Tres Lagunas con la municipalidad de Caa Cati.
Así, crece el contacto con las instituciones culturales de la Municipalidad de Campo Grande y del Gobierno de Mato Grosso do Sul, con el objetivo de consolidad los núcleos chamameceros del Estado con puntos de eventos culturales y turísticos, para que preserven y divulguen bilateralmente la historia, usos y costumbres, compositores e instrumentistas y, para que caminen de manera unificada, en consonancia con el Instituto de Cultura de la Provincia de Corrientes y con la dirección de la Fiesta Nacional del Chamamé.
Mato Grosso do Sul se destaca en todo Brasil, como el estado en el que el Chamamé forma parte de su identidad cultural, por el hecho de que la población haber adoptado esa modalidad musical como suya y por mantener con ella una convivencia continua y natural. Ese reconocimiento hace con que sea ansiosamente deseado y esperado por todos aquí, tanto como en Argentina, y el reconocimiento mundial de esa cultura como Patrimonio Inmaterial por la UNESCO
La présence du Chamame à Mato Grosso do Sul n’est pas récente et demande à être connue dans ses moindres détails. En attendant les enquêtes en cours de réalisation, je raconte une histoire, fruit de conversations avec des personnes qui aiment, cultivent et diffusent ce grand art musical : Orlando Rodrigues, fondateur du Centro Cultural Del Chamame de Campo Grande et Jânio Fagundes, son président actuel.
Le Chamame est arrivé à Mato Grosso do Sul, bien avant qu’elle ne soit divisée en deux provinces distinctes. La partie Sud comporte une frontière commune avec la Bolivie et le Paraguay, dont on a hérité une bonne partie de la culture musicale et gastronomique. Ce mélange a commencé de façon douloureuse, avec la Guerre de la Triple Alliance entre le Brésil, l’Argentine et le Paraguay et s’est développé au cours des premières décennies du XX ème siècle avec l’exploitation de l’herbe maté. Avec la polka et la guarania, les paraguayens ont également apporté un style musical qu’ils ont découvert à la frontière Correntine, où beaucoup sont venus s’installer en tant que réfugiés politiques : le Chamame.
A partir des années 1950, la radio devint un moyen de diffusion important, et fit la promotion de ce style musical partout où arrivaient les ondes. Il était habituel que les familles aient accès aux radios de Corrientes et Posadas, jusqu’à ce que les émetteurs locaux donnent aussi un espace aux compositeurs de la province de Corrientes, Misiones, Chaco et Santa Fé. Le programme qui eut une répercussion fondamentale à cette époque fut « La hora del hacendado » du professionnel de radio Juca Ganso, qui en trois décennies gagna les zones rurales de tout Mato Grosso jusqu’à voir sa transformation en l’Etat de Mato Grosso do Sul.
D’autre part, la radio fit connaître au public les premiers interprètes et compositeurs consacrés au Chamame. Parmi eux, on peut mentionner le jeune accordéoniste Zé Corrêa, qui chantait en direct à la Radio Educación Rural et le couple légendaire Jandira et Benitez. Ensemble, ce trio a enregistré des versions originales, comme par exemple Mi Ranchito de Heráclito Pérez , El yacaré de Ernesto Montiel et A Bella vista de Pedro Mendoza . La brésilienne Jandira et le paraguayen Benitez mettaient à l’honneur le respect et la pureté de la langue. C’est à Jandira et à Aldo Ayala que l’ont doit également la chanson Mi Flor Corrientes, enregistrée quelque années plus tard par Mauricio Brito, accompagné par des musiciens Correntins.
La popularité de ce style musical a ouvert la voie à la venue de plusieurs musiciens lors de représentations à Mato Grosso do Sul, où les haciendas devenaient les scènes principales de ces évènements, ce qui a renforcé les racines rurales de la population locale et de la culture chamamecera. C’était un signe de prestige pour ces propriétés d’inviter un groupe de chamame lors des principales célébrations. C’est à de telles occasions que firent leur apparition Cocomorola, Salvador Miqueri, Isaco Abitbol, Roberto Galarza, Avelino Flores, Rosendo et Ofelia ainsi que le commentateur Juan Carlos Herrera, entre autres.
Bien que les goûts de la population soient plutôt portés vers les influences paraguayennes et argentines, un groupe de musiciens local opta pour suivre la tradition chamamecera, étant donné que l’un d’eux est devenu l’une des icônes de cette culture, aujourd’hui connu sous le nom de Elinho del Bandoneon, et qui, en 1980, s’est rendu à Corrientes pour apprendre l’art de cet instrument avec Paquito Aranda. Il vécut là-bas pendant six ans, s’adapta à la vie Correntine, et au-delà de sa grande histoire d’amitié avec Cocomorola, il fit de lui le parrain de son fils aîné. A son retour à Campo Grande, Helinho devint l’embassadeur de la musique correntine, en popularisant des classiques et en faisant connaître le bandoneon à Mato Grosso do Sul.
La ville de Campo Grande, capitale de l’Etat, est un chemin naturel pour que les frontières latines arrivent aux grands centres brésiliens. Ainsi, d’autres grands musiciens argentins sont passés par-là, en chemin vers San Pablo et leur présence a laissé une marque positive. Les autres ambassadeurs de la musique correntine de cette région ont été précédemment mentionnés, comme Jandira y Benitez qui, après la mort précoce de Zé Corrêa, amenèrent de nouveaux instrumentalistes pour les accompagner, parmi lesquels certains s’installèrent ici.
On peut citer Silverio Villanueva et Margarita Belén, de Chaco, Aldo Ayala d’Empedrado, (Corrientes) qui s’est marié ici. Dino Fernandez est venu de Formosa pour jouer avec le duo Amambay et Amambaí Le président actuel du Centro Cultural del Chamame de Campo Grande, Jânio Fagundes garde un émouvant souvenir d’une grande fête dans sa terre natale, Rio Brillante où il eut l’opportunité d’assister à une légendaire représentation de Coquimarola y su conjunto à l’occasion de la commémoration de la victoire du gouverneur Wilson Barbosa Martins. Rio Brillante travaille aujourd’hui pour conserver le lien avec le chamame, à travers son propre Centro Cultural, qui organise depuis 2011 un festival où sont réunis des musiciens locaux et d’illustres invités argentins.
Malgré la distance avec la frontière latine, la ville de Tres Lagunas, limitrophe à San Pablo, a donné naissance à un grand bandeonista nommé Brancão auteur de compositions fidèles à la tradition chamamecera qui survit jusqu’à aujourd’hui dans cette ville industrielle. A Campo Grande, Elinho del Bandoneon a commencé à donner des cours et a formé de nouveaux instrumentalistes, parmi lesquels se détachent Humberto Yule et David Júnior. Yule forma un duo avec Maurico Brito et ils continuèrent ensemble dans ce domaine.
Tout comme Helinho, Mauricio Brito a également construit un chemin vers Corrientes, où le sérieux de son travail lui a valu respect et crédibilité. Ensembles, Brito et Yulé se présentaient déjà comme invités dans quatorze éditions de la Fiesta Nacional del Chamame. David Junior est un jeune ingénieur en agronomie, d’origine indigène, qui apprit l’art du bandoneon avec Helinho. Il s’est démarqué par sa virtuosité et s’est présenté aux festivals de Rio Brillante et de Corrientes.
Les stations de radio poursuivirent leur travail de promotion dans tout l’Etat et un des programmes les plus traditionnels qui apparaît sur cette scène médiatique s’appelle « La hora del Chamame », dirigé par Orisvaldo Mengual, qui travaille aussi dans l’évènementiel. En 2006, sur la demande de ce grand professionnel de la radio, Elinho del Bandoneon et l’ingénieur Orlando Rodrigues se rendirent à Corrientes avec une invitation pour que Coquimarola donne une représentation à Campo Grande. A cette occasion, ce dernier lança un défi à Orlando, lui confessant que s’il construisait un Centre Culturel dédié au Chamame il se proposerait pour être la parrain du projet.
C’est ainsi qu’en 2008, est né le Centro Cultural del Chamame de Campo Grande, fondé par Orlando Rodrigues, Elinho del bandeon et Orivaldo Mengual. Lors de l’inauguration, le Centre fut honoré de la présence de Coquimarola et ses musiciens. Le CCC (Centro Cultural Chamamecero) a officiellement ouvert la voie à la sauvegarde de l’échange et du renforcement des traditions chamameceras et ce, pas seulement dans la capitale, mais dans tout l’Etat de Mato Grosso do Sul, grâce aux liens qui s’établissent peu à peu avec les autres municipalités. Le Centro Cultural del Chamame de Campo Grande a également été nommé siège de la Fiesta Nacional del Chamame par l’Instituto de Cultura de Corrientes. Juste après la création du CCC, le locuteur Oriyaldo Mengual fonda son propre institut, dédié au chamame, à la guarania et à la polka paraguayenne.
Le Centro Cultural del Chamame de Campo Grande investit dans la construction de son propre siège et cela conduisit à la réalisation du Primer Festival del Chamame de Rio Brillante, en plus de la promotion des instrumentalistes de Mato Grosso do Sul durant la Fiesta Nacional del Chamame. Par ailleurs, il veille à la continuité de l’échange culturel avec les villes de Corrientes et Puerto Tirol et intervient dans la collaboration de Tres Lagunas avec la municipalité de Caa Cati.
Ainsi évoluent les relations avec les Institutions Culturelles de la Municipalité de Campo Grande et le Gouvernement de Mato Grosso do Sul, avec pour objectif de consolider les noyaux chamameceros de l’Etat par le biais de rencontres culturelles et touristiques, afin de préserver et divulguer bilatéralement l’histoire, les traditions et coutumes, les compositeurs et musiciens pour qu’ils marchent à l’unisson avec le soutient de l‘Instituto de la Cultura de la Province de Corrientes et la direction de la Fiesta Nacional del Chamame.
Mato Grosso do Sul se démarque dans tout le Brésil comme l’Etat dans lequel le Chamame fait partie de l’identité culturelle, de par le fait que la population ait adopté de genre musical comme appartenance propre, et pour maintenir avec lui une convivialité continue et naturelle. Cette reconnaissance est ardemment désirée et espérée par tous, ici comme en Argentine, ainsi que la reconnaissance mondiale de cette culture comme Patrimoine Immatériel de l’UNESCO.
The presence of Chamamé in Mato Grosso do Sul is not recent and it asks for a detailed revision. While we await the ongoing investigations, I tell a story, the result of conversations with people who love, cultivate and disseminate that great musical art: Orlando Rodrigues, founder of the Cultural Center of Chamamé of Campo Grande and Jânio Fagundes, its current president.
Chamamé arrived in Mato Grosso do Sul, long before its division into two states. The southern part limits with Bolivia and Paraguay and, from those countries, we have inherited a good part of its musical and gastronomic culture. This mixture began in a painful way with the War of the Triple Alliance between Brazil Argentina and Paraguay and expanded in the first decades of the twentieth century with the exploitation of yerba mate. Along with polka and guarania, Paraguayans also brought a musical style they knew on Corrientes border, where many people sought refuge as persecuted politicians: the chamamé
As from the 1950s, the radio became an important vehicle for dissemination, promoting the capillarity of that musical style in every corner where its waves could reach. It was common for families to have access to the radios of Corrientes and Posadas, until the local stations also gave a space to the composers of the provinces of Corrientes, Misiones, Chaco and Santa Fé. A program of crucial impact of that time was «La hora del hacendado», by the radio professional Juca Ganso who, for three decades, reached the rural areas of all Mato Grosso when he saw it transform itself into the State of Mato Grosso do Sul.
The radio also contributed to the audience the first performers and composers who were dedicated to the Chamamé. Among them, we can highlight the young accordionist Zé Corrêa, who performed live on Radio Rural Educacion and the legendary married couple Jandira and Benitez. This trio recorded original versions, for example, Mi Ranchito by Heraclitus Perez, El yacaré by Ernesto Montiel and A Bella Vista by Pedro Mendoza. The Brazilian Jandira and the Paraguayan Benítez prevailed for their respect to the purity of the language. Jandira and Aldo Ayala wrote the song Mi Flor Corrientes, also recorded years later by Mauricio Brito, who was accompanied by musicians from Corrientes.
The popularity of this musical style became the way for the arrival of several musicians to perform in Mato Grosso do Sul at the haciendas, the main scenarios for these performances, which helped in the strengthening of the rural roots of the local population and of the Chamame culture. It was a sign of status that a property made its main commemorations with the presence of a musical group of chamamé. Thus, singers like Cocomarola, Salvador Miqueri, Isaco Abitbol, Roberto Galarza, Avelino Flores, Rosendo and Ofelia and the commentator Juan Carlos Herrera, among others came here.
Although the preference of the population was between the Paraguayan and Argentinian influences, a selected group of local musicians chose to follow the chamame tradition. Consequently, one of them became one of the icons of that culture, nowadays known as Elinho do Bandoneon, who in 1980 went to Corrientes to learn the arts of that instrument with Paquito Aranda. There, he lived for six years, he got involved in Corrientes life and, beyond great friends, he made Cocomarola his youngest son’s godfather. On his return to Campo Grande, Helinho became an ambassador of Corrientes music, he popularized classical songs and he also became closer and better known for the bandoneon in Mato Grosso do Sul.
The city of Campo Grande, capital of the State, is a natural way for the Latin borders to reach the great Brazilian centers. In this way, other great Argentinian musicians passed through on their way to San Pablo and left a positive mark with their presence. Other ambassadors of Corrientes music in that region were those already mentioned, Jandira and Benitez, who after the early death of Zé Corrêa, brought other instrumentalists to accompany them, some of whom settled here.
We can quote: Silverio Villanueva and Margarita Belén, from Chaco, Aldo Ayala, from Empedrado, Corrientes, who married here, Dino Fernandez, who came from Formosa to play with Amambay and Amambaí. The current president of the Chamamé Cultural Center of Campo Grande, Jânio Fagundes, keeps with affection and good memories a great party in his homeland, Rio Brillante, where he had the opportunity to witness a legendary presentation of Cocomarola and his group in commemoration of the victory of Governor Wilson Barbosa Martins. Nowadays, Rio Brillante works to maintain the link with the chamamé, through its own Cultural Center, which promotes since 2011 a Festival that brings together local musicians and illustrious Argentinian guests.
In spite of the distance with the Latin border, the city of Tres Lagunas, on the border with San Pablo, gave rise to a great bandoneonist named Brancão, author of compositions faithful to the chamame tradition, which until today, remains alive in that industrial city. In Campo Grande, Elinho del Bandoneon began teaching and training new instrumentalists, including Humberto Yule and David Júnior. Yule formed a musical couple with Mauricio Brito and together they deepened in this area.
As well as Helinho, Maurício Brito also built a road towards Corrientes, where the seriousness of his work gained respect and credibility. Together, Brito and Yulé performed as guests in 14 editions of the National Festival of Chamamé. David Junior is a young agronomist, of indigenous origin who learned the art of bandoneon with Helinho; he stood out for his virtuosity and performed at the festivals of Rio Brillante and Corrientes.
The stations continued with the important role of promotion throughout the State and one of the most traditional programs that stands out in this media scenario is called «La hora del Chamamé», directed by Orisvaldo Mengual, who is also a producer of parties and events. In 2006, at the request of that radio professional, Elinho del Bandoneon and the engineer Orlando Rodrigues went to Corrientes with an invitation for Cocomarola to appear in Campo Grande. On that occasion, Cocomarola challenged Orlando, saying that if he built a Cultural Center dedicated to Chamamé, he would be the sponsor of that project.
Thus, in 2008, the Cultural Center of Chamamé of Campo Grande was founded by Orlando Rodrigues, Elinho del Bandoneon and Orivaldo Mengual. At the opening, the center was attended by the presence of Cocomarola and his musicians. Officially, the CCC (Cultural Center Chamamecero) opened the way for the maintenance of the exchange and the strengthening of the chamame traditions not only in the Capital, but also in the whole State of Mato Grosso do Sul, through the ties that are being built with other city halls. The Cultural Center of the Chamamé of Campo Grande also received from the Institute of Culture of Corrientes the title of branch of the National Festival of Chamamé. Right after the creation of the CCC, the speaker Orivaldo Mengual founded his own Institute, which is dedicated to the Chamamé, the guarania and the Paraguayan polka.
The Cultural Center of Chamamé of Campo Grande invested in the construction of its own headquarters and prompted the First Festival of the Chamamé of Rio Brillante, along with the promotion of the presentation of instrumentalists from Mato Grosso do Sul in the National Chamamé Festival. It also maintains a cultural exchange with the cities of Corrientes and Puerto Tirol and it is a means in the exchange of Tres Lagunas with the city hall of Caa Cati.
Therefore, the contact with the cultural institutions of the City Hall of Campo Grande and the Government of Mato Grosso do Sul grows, with the aim of consolidating the chamameceros nuclei of the State with cultural and tourist events. Thus, they bilaterally preserve and disseminate the history, the uses and the customs, composers and instrumentalists and, so that they walk in a unified way, in consonance with the Institute of Culture of the Province of Corrientes and with the management of the National Festival of Chamamé.
Mato Grosso do Sul stands out in every part of Brazil, as the state in which the Chamamé is part of its cultural identity, because the population has adopted that musical modality as theirs and because a continuous and natural coexistence is maintained. All of us here, as well as in Argentina, eagerly await and expect UNESCO’s global recognition of chamame as an Intangible Heritage.